Mãe, eu acho
errado que tudo seja motivo para tirar as coisas que eu gosto. E você só tira as
minhas coisas.
Por que o mesmo não acontece com seus outros filhos? Sabe me responder isso? Não né. Mas eu sei. É porque eu sou a mais
fraca e submissa, a que sempre tem culpa de tudo e que não pode recorrer de nada. Esse direito não me é concedido.
Não estou te julgando nem nada do tipo, mas você se sente bem assim?
Com você, tudo é motivo para ser jogado na cara a todo momento, tudo resulta em brigas e eu sou obrigada a escutar os gritos e se eu começar a falar, imediatamente sou mandada calar a boca.
Olha, todo mundo tem problemas, mas as vezes eles podem se tornar insignificantes, é só deixar de exaltá-los a
todo momento.
Eu tenho culpa dos seus problemas? Acho que não.
Admito que estou errada em alguns momentos, mas as vezes é muita briga pra pouco fato.
Ah, e o que me incomoda não é ser proibida de sair, não é mesmo. O que me incomoda é que você veja
isso como um modo de me deixar com medo. Medo não é
respeito, nunca se esqueça disso.
Não posso mudar esse seu pensamento, afinal você foi criada assim, sua vida toda foi criticada e imposta a fazer a vontade dos outros. Mas só porque você precisou fazer isso, não quer dizer que precise fazer o mesmo comigo.
Mãe, eu te amo pelo que você faz por mim e pelo que você é e sempre foi na minha vida, não importa quantas vezes brigamos ou quantas coisas injustas você me diz sem pensar, eu sempre vou te amar do mesmo modo.
Sabe, eu tento ficar calada e só ouvir, mas contigo isso é uma missão impossível, pois você fala muito.
Mas enfim, se você acha que está certa e se é assim que quer continuar, pode ser. Um dia você vai precisar de mim o tanto que eu preciso de você.
Filho não tem direito de dar conselho a pai ou mãe, mas mesmo assim te darei um: aprenda a ouvir mais.
Tenho coisas a dizer, mas você não está disposta a escutar. Isso só me faz ficar cada vez mais triste.